segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Metaforicamente

Lá esta você, andando pelas ruas do centro da cidade, olhando as vitrines. Você esta somente passeando, sem a intenção de comprar nada. De repente diminui o passo, parando em frente a uma loja de sapatos. Você então começa a olhar um par de sapatos que passam a tomar toda sua atenção. Continua andando, mas da meia volta e entra na loja. Mesmo sabendo que aquela nova dívida vai arruinar suas contas do mês, você compra os sapatos. Eles nem são tão bonitos, ou nem são aqueles que a moda dita na estação. Mas é como se o prazer de estar com eles fizesse toda a diferença. Em casa, coloca os novamente e pensa em usá-los em um momento especial. Mas não resiste e simplesmente não os tira mais dos pés. Acorda ansiosa no dia seguinte e fica feliz ao calçá-los novamente para trabalhar. Depois de um tempo não os tira mais pra nada, salvo pra dormir. Mas os deixa ao lado, pensando em usá-los mesmo antes de sair da cama.
O tempo passa e você sente que já não pode mais usar aquele par de sapatos. Eles machucam seus pés, cada vez que olha pra eles sente uma pontada de dor. Mas simplesmente não consegue deixar de usa-los todas as manhãs, todos os dias. É como se seu corpo não ficasse completo sem eles compondo o todo que tornaram-se. Você então guarda os no armário, bem no fundo. Mas na manhã seguinte levanta da cama e vai pegá-los no armário, mesmo sabendo que não vai poder usar os sapatos que há meses estão apertando seus dedos. Sente-se ridícula por não poder simplesmente jogá-los fora e comprar outro par. Depois de algum tempo longe dos velhos calçados, começa a sentir falta até mesmo da dor que eles provocavam em seus pés, uma dor que preenchia seus dias com angustia, mas que ao mesmo tempo era superada pelo prazer de estar com eles ali, nos pés.
Então, mesmo depois de muito tempo, de já não mais usar aqueles sapatos apertados, ainda sente a mesma dor, mesmo colocando seus tênis mais confortáveis. Volta e meia sente aquele aperto tão familiar, recordando o tal sapato. Olha mais uma vez para eles, no fundo do armário, e sabe que não irá u-los novamente. Apenas não consegue jogá-los fora.

2 comentários:

Anônimo disse...

Coisa doida que é ser mulher, né? Só a gente entende essas loucuras...

Beijo.

Douggie Russano' disse...

isso sim é que ´eum pobre de verdade, como eu... nao joga fora, pq pobre nao gosta de jogar coisa fora, e guarda pra vida inteira

XOXO douggie